A ROSA
Brindaste-me com uma Rosa
De um intenso vermelho
Que penetrou em mim:
Agitou o meu coração
Devorou as minhas defesas
Vazou as minhas resistências
Fragmentou o meu discernimento
Ancorou-me no alfobre
Onde cresce
Selvagem
O amor que te tenho!
A Rosa
É o teu rosto
Sedoso e natural
Um livro aberto
Onde não se escondem os sentimentos
A Rosa é o teu coração
Alto e aprumado
De odor refrescante
Como um pinheiro alpino
A Rosa são as entranhas da tua alma
Vigorosa como um alpinista
Solitária com um asceta
Bondosa com um querubim
Luzidia com um fio de azeite
Brilhando ao intenso sol de verão;
Ai pudesses tu
Cozinhar a Rosa
Essa Rosa com que me mimoseaste
Farias requintados pratos
Irremediavelmente saborosos
Como só tu sabes confecionar!
A Rosa
Descansa no parapeito do fogão de sala
Vigiando os meus passos
Encantando-me
De cada vez que a contemplo
E são Rosas como esta
Que conhecem bem o significado do Amor
Puro e cristalino
Que guiarão todos os heroicos amantes
No passo firme e vigoroso por este mundo!
A Rosa
É a estrela polar
A cintilar vigorosa na noite escura
É o céu carregado de estrelas
Brilhando ilimitadamente por cima dos nossos olhos
Porque não tem fim
Este nosso concerto celestial!
A Rosa
Esta Rosa especialmente
Não fenecerá jamais
As palavras
Dar-lhe-ão vida eterna…