LA STRADA
A estrada
Não tem fim
Não tem culpa
Não tem remorsos
Não esmorece
Não entropece;
O vento forte
Nostálgico
Varre o chão das ruas desertas
De lugares e vilarejos
De uma Itália faminta e humilhada
E são essas bátegas que despertam em nós
A vil tristeza
De uma solidão endurecida
Saída de música melancólica
Que nos acompanha
Na acidentada viagem
Ao longo da estrada
Ora, de violino
Ora, de trompete…
Acaba por nos descerrar
A caixa
Que guarda todas as nossas memórias
Onde acondicionamos
A doce Gelsomina
O bruto Zampanò
Que se esconde
Feroz como um tigre
Na areia junto ao mar
A padecer a culpa
De seus males que semeou
Das imensas saudades
Que já não o deixam viver o presente!
La strada, filme de Federico Fellini de 1954.