LIBERDADE
Desperto
Imerso numa espuma de intolerância
Que durante tanto tempo me levou ao silêncio
Temente das minhas próprias ações
Irrepleto
Desconfigurado
A olhar
A contemplar
A refletir
Sobre os mistérios que residem nas profundezas da essência da vida,
Se do mal eu servi a excessos
Do mal fui servido a descomedimentos;
Resisti
Custeado no granito do meu carácter
Acomodado no leito da minha alma inquieta
Sempre ávida em conhecer pessoas diferentes
Lugares dissemelhantes
Uns que brilham mais que outros
Porque sou de todos os lugares
E não sou de lugar nenhum;
Pratico uma existência
No mais puro anonimato
Sem querer pôr-me em bicos de pés
Mostrar que sou mais que os outros
Banhando-me na solidão
E de mim
Só o sabe
A quem eu concedo a chave
Ou então aqueles mais afoitos
Que nada mais têm na vida do que perscrutar a vida dos outros
Sem se preocuparem em indagar:
Porque correm os rios sinuosos e incontrolados dentro de si?
Mas este meu isolamento voluntário,
Para uns letal,
Para outros
Retemperador,
Que escolhi viver há muitos anos,
Dá-me voz e chispa
Quando me deparo com o branco polar
Que emana do monitor do meu computador
A tela com que pinto os quadros das várias narrativas
Um misto de real com muita fantasia à mistura
Com que foi confrontado no decurso da minha vida tão diversificada:
Iludindo uns
Iluminando outros
Encolerizando uns poucos
E indiferentes uns tantos;
A liberdade de pensamento
É generosamente ilimitada
E quanto mais pensamento
Maior fulgor
E se existe mistério na sedução
É fácil de explicar:
Não a tem quem quer
Não a tem quem estuda para a ter
Ou acha que vociferando
Ou Palavreando incontrolado
A alcançará alguma vez,
Tem-na quando emana da sua natural essência!
Difícil de entender?
Nem por sombras!